GEOSSITIO do Bando Maior (Castelo do Mação)
PONTO 1 - Coordenadas
39°36'43.8"N 7°58'13.6"W
Miradouro Bando dos Santos
Bancadas decimétricas a pluridecimétricas (cerca de 30 m) de quartzitos brancos com geometria lenticular, no geral, maciços a laminados do Membro de Bando da Formação de Bando dos Santos.
Em termos paisagísticos, a Sudeste observa-se a serra de S. Mamede (Castelo de Vide), a crista quartzítica do Ródão (Portas do Ródão) e a Nordeste a serra da Gardunha e, mais ao fundo, em dias de elevada visibilidade, a serra da Estrela.
Este local é interessante para explicar o ambiente de deposição da sequência quartzítica regressiva da Formação de Bando dos Santos, do Devónico inferior. A unidade quartzítica está organizada em sequências com camadas mais finas na base e mais espessas no topo, para além de conterem numerosas pistas fósseis e figuras sedimentares.
Este conjunto quartzítico pode ser interpretado como depósitos canalizados associados a ambientes de dinâmica litoral de alta energia que se desenvolveram próximo da linha da costa. Por outro lado, a presença ocasional de horizontes milimétricos compostos por pelitos vermelhos entre os estratos areníticos sugere que possam refletir descida do nível das águas do mar e, eventualmente, deposição em ambiente oxidante.
Junto à base da sucessão, podem observar-se finas camadas silto-arenosas e areníticas que no topo desaparecem quase totalmente, dominando aí, as camadas espessas de quartzitos.
Os estratos areníticos bioturbados, no membro intermédio da sucessão, de cor branca e granularidade fina a média, são caracterizados por bancadas fortemente perturbadas, normalmente torcidas e interrompidas, devido á atividade de organismos. As bases destas bancadas apresentam com frequência numerosas estruturas de carga, desordenadas e de baixo-relevo, e estruturas em forma de “chama”.
Associados com estas bancadas foram reconhecidas pistas fósseis em forma de tubos verticais (Skolithos e Monocraterion) e horizontais, por vezes, sinuosas (Planolites e Arthrophycus?).
PONTO 2 - Coordenadas
39°37'11.9"N 7°59'02.6"W
Campo de Dobras
Dobras com eixo de orientação próxima de norte-sul e plano a inclinar, ligeiramente, para oeste. A sucessão aqui reconhecida é dominada por arenitos bioturbados e quartzitos brancos, Membro de Chão do Brejo da Formação do Bando dos Santos, do Devónico Inferior, com geometria lenticular, bem como estruturas sedimentares, nomeadamente laminações entrecruzadas, canais e sulcos de erosão. Os estratos quartzíticos com laminações cruzadas podem ser interpretados como resultantes da ação de vagas de tempestade ou da deposição numa zona submetida à ação de vagas permanentes.
Esta formação corresponde a uma sucessão quartzítica, uma sequência detrítica regressiva, caracterizada por um membro inferior (Membro de Corga), constituído por alternâncias milimétricas a centimétricas de estratos siltíticos e pelíticos. Este conjunto litológico passa progressivamente, em direção ao topo, a bancadas de arenitos bioturbados e de quartzitos maciços e laminados, de cor branca (Membro de Chão do Brejo). O topo constitui o membro superior (Membro de Bando) marcado pela presença de cerca de 30 m de bancadas decimétricas a pluridecimétricas de quartzitos brancos com geometria lenticular, no geral, maciços a laminados.
As bancadas de pelitos e siltitos, de dimensão centimétrica a milimétrica e com bases e topos planos, são maciças ou apresentam laminação muito fina e, normalmente, fissilidade. Por vezes, intercalados nos sedimentos silto-pelíticos ocorrem bancadas centimétricas de quartzitos impuros de geometria plana. Os estratos quartzíticos, de granularidade fina e cor clara, apresentam estratificação hummocky e, outras vezes, estão laminados.
Os conjuntos areníticos bioturbados, de cor branca e granularidade fina a média, são caracterizados por bancadas fortemente perturbadas, normalmente torcidas e interrompidas, devido à atividade de organismos. As bases destas bancadas apresentam com frequência numerosas estruturas de carga, desordenadas e de baixo-relevo, e estruturas "em chama". Associados com estas bancadas foram reconhecidas pistas fósseis em forma de tubos verticais (Skolithos e Monocraterion) e pistas horizontais, por vezes sinuosas (Pianolites e Arthrophycus?).
As bancadas de quartzitos brancos, de granularidade fina a média e geometria lenticular, estão posicionadas na parte superior das sequências. São caracterizados por estratos com laminação paralela e estratificação entrecruzada de baixo ângulo, ocorrendo mais ocasionalmente sob a forma de estratos maciços ou laminações subplanas. Por vezes, observam-se níveis silto-pelíticos milimétricos a centimétricos entre as bancadas de quartzitos completamente amalgamados e, outras vezes, horizontes ferruginosos muito finos. Estas bancadas apresentam, no geral, geometria canalizada constituindo canais que podem atingir algumas dezenas de metros.
Esta formação é marcada pela presença de braquiópodes, artrópodes, gastrópodes, briozoários, bivalves, ortóceras e abundância de icnofósseis. As pistas fósseis ocorrem ao longo de toda a unidade e os outros elementos faunísticos estão concentrados em horizontes areníticos ferruginosos, de espessura centimétrica.
No entanto, também ocorrem, mais ocasionalmente, macrofósseis isolados.
Os icnofósseis identificados correspondem a Skolithos, Planolites, Monocraterion e, mais raramente, Cruziana (Chão do Brejo e a S do v. g. de Santos), e estão associados a litofácies quartzíticas ou quartzo-areníticas bioturbadas. Aspetos de Skolithos e Monocraterion consistem de tubos verticais circulares com diâmetro variável de 0,5 a 2 cm e ocorrem, normalmente, em conjuntos de indivíduos sobre o topo das bancadas.
PONTO 3 - Coordenadas
39°36'46.9"N 7°59'54.4"W
Castelo do Mação
Xistos laminados cinzentos a negros do Silúrico, Formação do Castelo, por vezes carbonáceos, com uma espessura de cerca de 40 a 50 m. As camadas de xisto são muito finas e cinzentas, pelo que se desintegram muito facilmente.
Disseminados nestas litologias estão abundantes fosfatos, ferro e sulfuretos fósseis, nomeadamente graptólitos, ortóceras e moluscos (Cardiola interrupta).
Os nódulos de fosfato argiloso, também fossilíferos, ainda são comuns. Os nódulos variam de forma quase esférica a elipsoidal, com dimensões até 20-30 cm de diâmetro, e são constituídos por várias camadas concêntricas, preenchidas com várias espécies de nautiloides (orthocones), conservadas sob a forma de "palhinhas ou charutos".
Os fósseis estão posicionados tanto na vertical como na horizontal, com dimensões de 2 a 3 cm de largura e 4 a 5 cm de comprimento.
As camadas exteriores dos nódulos são mais siliciosas e oxidadas do que as camadas interiores, onde predominam siltitos cinzentos e macios, constituídos por fosfatos e alguma matéria orgânica.
A Formação do Castelo é constituída por alternâncias de siltitos, muitas vezes esverdeados, e pelitos cinzentos, por vezes laminados, intercalados de barras de quartzo-arenitos impuros ou conjuntos de barras de quartzo-arenitos, que tendem progressivamente a diminuir de frequência e espessura, ou mesmo a desaparecer, em direção ao topo da sequência.
As bancadas de quartzo-arenitos encontram-se normalmente com gradação ténue, apresentando a topo, frequentemente, estratificação entrecruzada do tipo hummocky e, mais espaçadamente, ripples de oscilação. As espessuras destas bancadas podem atingir o metro junto à base e apenas alguns centímetros próximo do topo da sucessão. Muitas destas bancadas têm desenvolvimento lenticular e bases erosivas nítidas. Nesta unidade ocorrem numerosas pistas fósseis que não foram estudadas, mas não foi encontrado qualquer organismo fóssil.
A observação dos quartzo-arenitos ao microscópio petrográfico indica que são constituídos por clastos de quartzo, subangulosos e com golfos de corrosão, raros feldspatos, biotites verdes, clorites e partículas detríticas argilosas, no seio de uma matriz quartzo-sericítica. Também ocorrem acessoriamente minerais pesados, nomeadamente, zircão, rútilo, esfena, turmalina e minerais opacos. Os silto-pelitos, de cor esverdeados, são filossilicatos micáceos com abundância de quartzo, biotite verde e clorite.
A formação é caracterizada pela quase ausência de macrofauna, em particular, nas litologias constituídas por alternâncias de bancadas silto-pelíticas e quartzo-areníticas, sem palitos negros associados, que são indicadoras de ambientes mais energéticos. Nesta litofácies ocorre, muitas vezes, abundância de pistas fósseis. O limite superior desta unidade corresponde a uma passagem brusca e rápida aos filitos físseis da formação seguinte, marcada por um nível de alguns centímetros de ferro com oó